Tenho plena convicção que somos uma única família universal, sendo cada um de nós uma célula deste enorme corpo cósmico chamado Deus. E, por assim ser, os nossos relacionamentos se tornam os desafios e conquistas mais importantes de nossas vidas.
A maneira que escolhi para me conhecer e aprender quem sou foi ajudar as pessoas a compreenderem suas próprias vidas e quem são. Além da formação acadêmica, nesses últimos 40 anos, minha formação espiritual guarda, na memória consciente, informações de cerca de 40 encarnações diferentes e como psicólogo, a experiência com TRVP, após algumas centenas de regressões de memórias, levou-me a compreender a necessidade que existe nas mudanças de personagens.
Minha história pessoal e a de meus pacientes informam que, a cada encarnação, vamos mudando os papéis para se adequarem ao crescimento desejado.
Tenho visto irmãos de vidas passadas que se tornam agora pais e filhos; amantes que se tornam mãe e filho ou pai e filha nesta existência; inimigos ferozes de várias vidas, que se tornam pais, mães ou filhos e filhas dos seus algozes... e, assim, sucessivamente. Qual o motivo? A cura, o perdão, o amor universal que nos une em toda a essência da família cósmica una e que nos separa apenas na experiência individual da personalidade.
Todos nós que reencarnamos para vivermos a experiência humana temos um corpo emocional que armazena todas as emoções vivenciadas em vidas precedentes e, neste corpo, salientam-se os arquivos das situações negativas. Já o corpo causal, guarda as experiências que foram positivas e felizes e ficam esperando o momento em que possamos acessá-las e delas fazermos uso.
As experiências guardadas nos arquivos do corpo emocional são os conteúdos de nossa Criança Interior.... Essa Criança Interior, que todo adulto tem, torna-se o nosso maior desafio da encarnação, pois estes conteúdos são os registros das nossas dores emocionais e que os mecanismos de defesa de nossa personalidade fazem de tudo para que fiquem escondidos e intocáveis e, enquanto nós não o conhecermos e os libertarmos, não sairemos da roda das encarnações.
Os três conteúdos principais da Criança Interior de toda a humanidade são: culpa, medo e julgamento; porém, existem muitos outros. Em geral, todo ser humano apresenta em nível inconsciente estes três elementos e são estas informações dos arquivos passados que nos impedem de estarmos em harmonia e sermos felizes e realizados em nossas vidas.
Nossa cura só se realiza se fizermos a catarse de nossas dores emocionais, ou revermos os padrões de sofrimentos que provocamos em outras pessoas, ou seja, possamos recapitular as experiências que deixaram marcas e dores, para ver se na existêncial atual, possamos entendê-la e nos libertarmos dela. Assim, somos trazidos à roda da encarnação dentro de uma planejamento perfeito realizado no plano etérico.
E neste programa, escolhemos os pais e mães ideais, que vão avivar em nossas memórias, até pelo conteúdo emocional que trazem em suas bagagens, os nossos registros que precisam vir à tona para serem curados.
Há pais que nos ativam o medo, outros, a culpa, o orgulho, a raiva, a insegurança... e assim por diante. Por isso, afirmo com toda certeza, que nossos pais nesta encarnação são os corretos e adequados para este nosso momento cósmico, e se eles fossem melhores conosco, como muitos desejam, não estaríamos enfrentando os conteúdos emocionais dos nossos arquivos que precisam ser curados.
É importante entender que a ausência que sinto da figura materna ou paterna, em minha formação, é a mesma que desenvolvemos em outros momentos ou criamos em outras pessoas e, como não soubemos lidar com estas estruturas, pedimos para nascer daquela mãe e daquele pai.
Vir nesta família com certas características que eu herdei (de pai ou mãe), que representam também as dificuldades deles, e aparecem determinantemente em nossa formação de personalidade, certamente foi escolha minha. Então, são de minha responsabilidade curar.
Há um grande engano cometido pelas pessoas durante a vida, de se queixarem de mãe e pai, reclamarem muito por aquilo que fizeram ou deixaram de fazer, e até mesmo odiarem e amaldiçoarem, em alguns casos, terem nascidos naquela família.
No meu consultório, realizo uma boa anamnese, ou seja, uma pesquisa na vida antecedente de cada paciente, onde muitas coisas são levantadas visando dar ao terapeuta um conhecimento de sua história e poder assim ajudá-lo a encontrar um novo caminho.
Assim, tomamos conhecimento da história de vida com mãe/pai que cada paciente tem e, desta forma, já começamos a ter uma idéia da problemática e da queixa que o paciente traz à terapia, buscando encontrar um caminho de cura. Se vemos uma pessoa com problemas da chamada matriz de identidade, certamente alguma área de sua vida não anda bem.
É comum vermos homens com problemas não solucionados com suas mães, e suas escolhas de parceiras afetivas normalmente serão mulheres com os perfis das mães problemáticas. As mulheres que tem situações não solucionadas com suas mães, tendem a ser submissas ou agressivas em suas relações e apegadas aos filhos, com o certeiro medo de não repetirem os padrões semelhantes às suas mães com quem estão em conflitos. A mãe representa aquilo que fica entre as quatro paredes do lar.
Os homens e mulheres que carregam problemas não resolvidos com os pais, refletem esses dramas em seus trabalhos e é comum a figura dos chefes provocar sensações parecidas com o que não está resolvido com seus pais.
Projetamos no chefe, que é uma autoridade, os mesmos problemas que tivemos com a autoridade do nosso pai. O exemplo mais comum é ver um filho ou filha com dificuldade de expressar seus sentimentos pelo pai -a respeito de quem ficaram mágoas e outras dores- e com seus chefes eles não conseguem se aproximar ou, então, mantêm o mesmo tipo de conflito que não resolveram com seus pais.
Desde que aprendi isso, pude compreender que esta relação parental de nossas matrizes de vida é a principal relação na vida de cada um de nós, e não conseguiremos alcançar equilíbrio na vida adulta e paz no coração, enquanto não curarmos as feridas que estas relações podem ter nos deixado.
Enquanto não aceitarmos pai e mãe e não entendermos que eles deram o que tinham ou o que compreendiam como melhor, e também não perdoarmos as possíveis mágoas que ficaram nestas relações, nossas vidas de adultos tenderão a estar capengas, sofridas e incompletas.
Se você quer ter sua vida em suas mãos e ser dono (a) do seu destino, cure as feridas que ficaram em sua Criança Interior com relação aos seus pais. Perdoe, compreenda e ame seu pai e sua mãe e aceite o jeito deles, que é a maneira que conseguiram expressar suas vidas...
Quem mais vai ganhar é você, pois se libertará das dores de sua Criança Interior e poderá começar a deixar seu lado adulto tomar conta de sua vida e destino.
Irineu Deliberalli - Psicólogo clínicopor Irineu Deliberalli - editoramichael@terra.com.br